Quanto vale o seu direito?

Quanto vale o seu direito? Ou seria melhor iniciar esta coluna com esta mesma pergunta, mas escrita de modo diferente: quanto é que você faz valer o seu direito? É... difícil obter respostas imediatas quando se fala de um assunto que infelizmente não é compreendido pela maioria.

No entanto, não entender, ou não conseguir fazer valer o seu direito, não é motivo de vergonha para ninguém... Ninguém tem a obrigação de saber quanto é que vale todo o seu direito em um país com uma legislação tão extensa e complexa quanto o nosso. Hoje entendo que foi com esses questionamentos e na busca de explicações que eu cresci. Nasci no “morro” da Boa Vista, em Rio do Sul, SC, morei lá até os 9 anos de idade, e durante esse período, já vivi histórias de “gente grande”.

Convivi com pessoas de todas as raças, vi muita injustiça com os menos favorecidos, muita pobreza. Cada um se virava do jeito que podia. Vi mães furtando leite no supermercado, vi crianças roubando e prostituindo-se, e também convivi com a separação dos meus pais. Na minha cabeça eu pensava: “existem regras para se viver?”

Bom, naquela época eu só entendia a regra que o meu avô ditava, que dizia ser uma vergonha ter uma filha separada na família... Separada, divorciada, eu escutava essas palavras, mas qual era a diferença? Achava muito mais vergonhoso para uma mulher ser maltratada e desrespeitada. Seria o direito desta mulher viver desta forma a vida inteira? E o direito do dono do supermercado, seria o de arcar com os prejuízos sofridos pelos pequenos furtos praticados por mães desesperadas? E o direito das pessoas que são agredidas e roubadas por crianças, na época, mais fortes do que meu pai? E o direito dessas crianças? Eu realmente não compreendia nada sobre esse negócio de direito.

Quando se concretizou a separação dos meus pais, minha mãe, que era professora, meus irmãos e eu, mudamos para Taió. Como foi bom poder passar toda a minha adolescência aqui, onde fiz muitos amigos. Parecia que aqui, as pessoas respeitavam mais às regras. Mas, ao passo que eu ia crescendo, comecei a observar que era preciso manter essa boa convivência entre as pessoas desta cidade, que já não era mais sempre tão boa assim...

Eu precisava fazer a minha parte, afinal, seria esta a cidade que eu escolhera para, no futuro, constituir minha família. Estudar seria o caminho. Minha mãe foi sempre a grande incentivadora. Fomos embora pra Florianópolis, concluí o ensino médio na Capital e logo após iniciei o Curso de Bacharelado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Essa graduação foi muito importante porque me ensinou a trabalhar diretamente com as pessoas, de forma prazerosa, visando a qualidade de vida e o bem estar das mesmas.

No entanto, eu ainda não me sentia completa, pois não me adiantava apenas fazer com que as pessoas esquecessem seus problemas durante minhas aulas na academia de ginástica, era preciso também resolvê-los. Foi assim que entrei no Curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, onde tive a oportunidade de ter como colegas de classe filhos de desembargadores, juízes, delegados, promotores e advogados, colegas privilegiados “de berço” e com uma vivência bem diferente da minha.

Fui aluna de professores que são os autores das doutrinas jurídicas que utilizamos. Formei-me com a intenção de retornar a esta cidade. Vi que não bastava apenas tirar dez na monografia, é preciso sempre continuar, por isso, a partir desta coluna, vou tentar fazer com que você também entenda um pouco mais sobre como fazer valer o seu direito.



Mande suas sugestões ou dúvidas para o e-mail: advogada@lidianeleite.com

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